O Polo Industrial de Manaus (PIM) perde força no ritmo de novos investimentos com a redução no número de projetos de implantação, ampliação e diversificação aprovados pelo Conselho de Administração da Suframa (CAS). A queda, segundo especialistas, é um reflexo da recessão econômica internacional, do desempenho da economia brasileira e do impasse na troca de gestores do modelo.

Segundo o presidente da Associação de Consultores Econômicos do Amazonas (Ascon), economista José Laredo, o impasse resultou no corte de 50% do número de reuniões do CAS, no ano passado, o que resultou na queda de 63,93% do volume de implantação de projetos na Zona Franca de Manaus (ZFM). Enquanto em 2013, o CAS aprovou 220 projetos com investimentos na ordem de US$ 3,5 bilhões, em 2014, a quantidade de projetos caiu para 111 e seus investimentos somaram US$ 1,064 bilhão.

O economista avaliou que as Vantagens Tributárias Comparativas (VTC) do modelo ainda é um forte atrativo para novos investimentos, dadas as garantias de reinjeção de capital de giro no negócio decorrente dos impostos não recolhidos pela força dos inventivos ficais.

No entanto, ele observou que deve se criar um programa de venda sistemática do modelo pelos entes que forma a sua gestão. “Incluindo-se necessariamente a Prefeitura Municipal de Manaus como agente ativo na captação de novos negócios”, defendeu.

Ajuste fiscal

O consultor especialista em ZFM, economista Francisco de Assis Mourão avaliou que o momento de ajuste fiscal do mercado pelo qual passa o Brasil leva a redução nas vendas e na produção industrial. Segundo ele, nesse período de austeridade do governo brasileiro e de ajustamento das empresas, todos os investimentos ficam parados.

Nesse rumo, Mourão disse que a classe de consultores especialistas em ZFM não tem elaborado projetos para que sejam aprovados junto ao CAS.

Para ele, a falta de reuniões ordinárias do conselho, há quase oito meses, revela o momento ruim pelo qual passa a Suframa. “Nos últimos anos, nos dias 28 de fevereiro, aconteciam as primeiras reuniões do ano do CAS e eram realizadas com festa por conta do número de projetos a serem aprovados. Nesse ano ainda não aconteceu”, comentou Mourão.

Fieam

Para o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, a ZFM tem uma série de questões que precisam ser melhoradas para que o modelo seja realmente atrativo as empresas como, por exemplo, o melhoramento da sua infraestrutura e logística sobre as quais não há investimentos em execução.

CAS

Durante a primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam), realizada no dia 25 de fevereiro, o superintendente interino da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Gustavo Igrejas, disse que o CAS iria se reunir, provavelmente, na segunda quinzena de março. Segundo ele, a data dependia da agenda do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Armando Monteiro Neto.

Acordo favorece Duas Rodas

Na busca pela recuperação do polo de duas rodas do PIM, um acordo com o Paraguai poderá garantir um novo mercado de exportação das motocicletas produzidas em Manaus. A Suframa assinou, ontem, um memorando que celebra o entendimento com a Zona Franca Global (ZFG) do país vizinho, que pode resultar na criação do Centro Logístico de Armazenagem e Distribuição (Clad) da ZFM, dentro da ZFG, de Ciudad Del Este, na fronteira entre Paraguai e Brasil.

Segundo a Suframa, o documento, com vigência de cinco anos, foi assinado, ontem, pelo superintendente em exercício, José Adilson Vieira, e pelo presidente da ZFG, Pedro Céspedes. Um Clad da ZFM no país vizinho permitiria aos paraguaios acesso mais fácil a produtos fabricados em Manaus. “No Paraguai, os importadores compram motos da Honda direto do Japão e importam modelos da BMW e Harley Dadvidson das matrizes. E pagam caro. Seria mutuamente benéfico se pudessem adquirir essas motos das fábricas da ZFM”, explicou o presidente da empresa paraguaia Atlantic, Nasser Chamseddine.

Fonte: Amazonas Em Tempo