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Crise na Petrobras atinge setor naval do Amazonas

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03/03/2015

O segmento naval do Amazonas já amarga os primeiros reflexos resultantes da crise enfrentada pela Petrobrás. Demissões, atraso no repasse de verbas e paralisação na construção de embarcações acontecem com maior frequência nos estaleiros. O Erin (Estaleiros Rio Negro Ltda.) demitiu 100 funcionários em dezembro e suspendeu a produção de seis navios. De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Naval, Náutica, Offshore e Reparos do Amazonas (Sindnaval), a situação é preocupante e deve se agravar nos próximos meses.

O assessor da diretoria do Erin, André Ricardo da Costa, conta que os estaleiros locais têm ligação indireta com a Petrobras porque atendem aos pedidos dos clientes contratados pela estatal, o que segundo ele, facilita a atuação da empresa e os deixa até certo ponto independentes da Petrobras.

Porém, o assessor informa que desde junho de 2014 o estaleiro não recebe o recurso destinado pelo governo federal, o Banco Nacional do Desenvolvimento Economico Social (BNDES). Por falta de verbas, o estaleiro paralisou a construção de seis embarcações e ainda teve que encerrar os trabalhos de outras quatro, que fazem parte da Nortoll Navegação e Logística, empresa pertencente ao Erin.

Costa ainda disse que esteve em Brasília neste ano para conversar com a assessoria do Ministério dos Transportes na tentativa de saber o motivo do atraso no pagamento do benefício. Um analista, representante do ministro Antonio Carlos Rodrigues, visitou o estaleiro em Manaus e coletou dados para serem entregues ao ministro.

Ele afirma que pretende retornar ao Distrito Federal para acompanhar o andamento das resoluções. “Não sabemos qual o problema, o motivo do não repasse desse dinheiro. O ministro afirmou que não tinha informações quanto ao atraso. Ele disse que o dinheiro está depositado. Vamos aguardar uma solução”, enfatizou. “O bom é que temos muitos clientes do segmento da soja e isso nos deixa mais independentes da Petrobras”, completa.

O recurso repassado pelo BNDES é utilizado na construção de estaleiros, aumento, reparo e manutenção da frota de embarcações. Costa também avalia que o mercado da navegação é importante para o desenvolvimento da região. Ele lamenta a falta de atenção ao segmento, com relação a investimentos, por parte do governo do Estado. “O governo do Pará dá muito mais atenção a esse tipo de atividade do que o do próprio Amazonas. Isso é triste”, enfatiza.

De acordo com o presidente do Sindnaval, Matheus Araújo, a situação é preocupante e deve se agravar em alguns meses. Ele afirma que os reflexos negativos chegam ao Amazonas um pouco mais tarde devido à certa independência que o Estado mantém dos contratos ligados à estatal. “O nosso polo não depende diretamente da Petrobras como por exemplo o Estado do Rio de Janeiro, que está voltado ao setor offshore. Trabalhamos mais na área de embarcações regionais. Mas a crise da estatal trouxe o desemprego ao setor naval local e deve resultar em pouco tempo na redução de contratos para a construção de embarcações para alto mar”, explica.

Araújo também prevê que o reflexo negativo será sentido ainda quando houve necessidade de importar mão de obra e materiais para a produção. Ele afirma que dos materiais produzidos pelo segmento somente 40% é composto por produtos nacionais enquanto 60% por materiais importados. A construção de uma embarcação pode demorar entre 12 e até 24 meses. “Boa parte dos profissionais estrangeiros vêm da Noruega mas com o descrédito no qual a Petrobras se encontra será mais difícil efetuar essa contratação. Será um ano difícil”.

Atualmente, a indústria naval amazonense opera em oito projetos de portos para atender à Petrobras. Os portos serão construídos nos municípios, dois deles são Coari e Tefé.

Fonte: JCAM


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