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Setor de Duas Rodas do Polo Industrial de Manaus sofre descentralização

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27/07/2015

Há menos de um mês Pernambuco recebeu a primeira fabricante de motocicletas fora da Zona Franca de Manaus (ZFM), a Shineray Motos. Para os empresários locais, fatores como problemas governamentais enfrentados pela Suframa, morosidade em questões voltadas ao desenvolvimento industrial somados às dificuldades logísticas justificam a insegurança da classe empresarial quanto à instalação de novos projetos na capital amazonense.

Na avaliação do vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, a descentralização do polo de duas rodas não representa um enfraquecimento do setor no Amazonas. Azevedo destaca que o momento de crise econômica e política pelo qual o país passa transmite insegurança aos dirigentes industriais. Isso somado aos problemas administrativos externados pela Suframa geram a mudança de conceitos sobre novas instalações no PIM. "Não podemos afirmar que há um enfraquecimento. O empresariado vive um momento de incertezas e de insegurança. É preciso considerar que sofremos com gargalos internos, como por exemplo, os atrasos nas reuniões do Conselho de Administração da Suframa (CAS) e ainda com as demoras nas tramitações burocráticas como acontece com os PPBs", avalia. "Além disso, também temos problemas logísticos por estarmos isolados no Amazonas", completa.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antonio Silva, inicialmente a instalação da nova empresa nacional não representa danos produtivos ao PIM. Porém, Silva frisa que caso empresas como a Shineray sejam beneficiadas com medidas que desonerem a cadeia produtiva, haverá necessidade de reivindicações. "A princípio, a atuação desta empresa não representa enfraquecimento. Isso, se esse fabricante observar o processo produtivo aprovado para as empresas instaladas na ZFM. Agora, se eles forem beneficiados com medidas que desonerem a cadeia produtiva, também vamos brigar para ter essas vantagens", comenta.

Segundo Silva, a partir do momento em que a montadora não usufrui do mesmo incentivo fiscal disponibilizado às indústrias do PIM surge a necessidade de competição com as marcas produzidas no PIM. "Eles (Shineray) terão que competir com as nossas empresas. Acho pouco provável que tenham condições de sucesso", disse.

De acordo com o presidente, a alternativa para evitar novas ocorrências de instalações industriais do polo de duas rodas fora da ZFM está no desenvolvimento e incentivo à infraestrutura de produção e de transporte. "Estes são os grandes gargalos que oneram o custo de colocação desses produtos nos grandes centros consumidores", avalia.

Silva ainda lembrou que legalmente somente o Amazonas tem autonomia para conceder incentivos fiscais, conforme o disposto no artigo 15 da Lei Complementar 24/1975. "A questão é de competitividade e somente o Amazonas pode dar o suporte necessário às indústrias com relação aos incentivos fiscais. Enquanto a reforma tributária não for aprovada todo e qualquer incentivo relacionado ao ICMS será inconstitucional", explica.

As fabricantes Instalada no PIM há 7 anos, a Traxx Motos chegou ao Brasil como importadora em 2001, no Estado do Ceará. Em 2005 a matriz chinesa Jialing aprovou a instalação da unidade fabril em Manaus, após 5 anos de laboratório no segmento de duas rodas.

Segundo a empresa, a opção de implantar uma unidade na capital foi motivada pela estrutura do centro de produção de produtos de duas rodas, além dos incentivos fiscais e tributários da região e do fluxo de navegação China/Brasil. Segundo a assessoria de comunicação da Traxx, entre as alternativas encontradas para driblar os reflexos da crise econômica nacional a empresa deu continuidade à atualização do mix de produtos com lançamentos de quatro novas versões, das quais, duas relacionadas à 150 cilindradas, e outras duas ao modelo 50 cilindradas; além da modernização no design de um modelo CUB 50 cilindrada e outro de 125 cilindradas.

Na avaliação da indústria, a partir destas ações foi possível ingressar em mercados de perfil sócio econômico diferenciado, além de oferecer produtos a preços mais acessíveis. A Traxx também anuncia que os novos modelos serão utilizados na expansão da rede de revendas. Até o final do ano a empresa terá o registro de 36 revendedores. Ao avaliar questões produtivas, a assessoria informa que dentre as marcas produzidas no PIM, no comparativo 2014/2015, a Traxx teve uma redução de apenas 4% na produtividade e faturamento. Enquanto outras fabricantes tiveram perdas em maiores índices registrados pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).

Estudos


De acordo com a assessoria de comunicação da Shineray, a decisão pela instalação da fábrica na cidade de Cabo de Santo Agostinho (PE) nasceu a partir de estímulos do governo do Estado que estão ligados a um preço mais acessível ao terreno utilizado para a instalação, além de políticas de incentivo com redução de alíquotas de ICMS e ISS.

Segundo a empresa, ao se falar em Manaus considera-se única e exclusivamente os benefícios fiscais e os subsídios. Porém, a empresa afirma que nos estudos comparativos, considerando as vantagens fiscais e as vantagens estruturais de pessoal e de logística, foi possível obter um ganho relevante que compensou o desprendimento quanto aos subsídios. A empresa descartou a possibilidade de vir para Manaus e informou que não há planos para expansão a outros Estados no momento.

A unidade funciona no Distrito Industrial de Suape, ocupa uma área de aproximadamente 210 mil m² e conta com uma área construída de 60 mil m². No total, foram investidos R$ 130 milhões e a unidade terá uma capacidade de produção total de 250 mil unidades por ano. "Iremos empregar, a princípio, 250 profissionais em dois turnos de segunda a sexta, mas poderemos chegar a 350 empregos diretos", revela Paulo Perez, diretor executivo da Shineray.

Erigida exclusivamente com capital nacional do grupo pernambucano, os veículos de duas e três rodas serão montados na fábrica com peças trazidas da China sobre chassi nacional. A montadora produzirá 20 modelos de veículos ciclomotores, triciclos e quadriciclos já comercializados, além de lançamentos. Os produtos serão revendidos pelas 150 concessionárias localizadas em 25 Estados do país. No total, a rede conta com 250 PDVs (Pontos de Venda). Em 2014, a Shineray do Brasil S.A. registrou um faturamento de R$ 417 milhões.

Fonte: JCAM


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