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Confiança da indústria sobe, mas retomada ainda é incerta

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30/10/2014

A melhora da confiança dos empresários industriais em outubro, quando o Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 1,8% em relação a setembro, feitos os ajustes sazonais, foi totalmente influenciada pelas expectativas para os próximos seis meses, enquanto os indicadores relacionados ao momento atual seguiram piorando.

Por isso, o superintendente-adjunto de ciclos econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo, acredita que a primeira expansão do indicador após nove meses de retração ainda não marque uma virada do setor de transformação, cuja produção pode cair novamente no início do quarto trimestre.

"A indústria já observou recuperação do segundo trimestre em julho e agosto, mas houve sinais de enfraquecimento dessa reação em setembro e, especialmente em outubro, os sinais são muito ruins", disse Campelo. Apesar da alta mensal, a confiança do setor seguiu em patamar considerado "extremamente baixo" pela FGV, em 82,6 pontos, nível compatível aos três períodos em que a economia brasileira entrou em recessão no passado.

Em outubro, o Índice de Expectativas (IE) que integra o ICI avançou 4,9%, para 85,9 pontos. O bom desempenho veio das previsões para a situação dos negócios nos próximos seis meses, índice que saltou 13,1% na comparação mensal, indo a 108,5 pontos.

Campelo observou, no entanto, que a variação foi provocada pela saída de empresários de um ponto de vista pessimista para o neutro, já que o percentual de empresas que prevê uma situação melhor no horizonte de um semestre aumentou pouco entre um mês e outro, de 25,8% para 27,1%. No mesmo período, a fatia de indústrias que trabalham com deterioração do cenário caiu de 29,9% para 18,6%.

"Quase dez pontos percentuais migraram para a situação de neutralidade, em que acham que a situação não vai melhorar, mas não chega a piorar", comentou o economista, para quem a percepção futura dos empresários pode ter sido temporariamente afetada pelo período eleitoral. "Houve talvez um excesso de pessimismo, e agora uma calibragem, mas ainda não há um movimentação expressiva em direção ao otimismo."

Ainda no campo das expectativas, o indicador que mede a produção prevista para os próximos três meses, incluindo o mês de referência da pesquisa, recuou 1,9% entre setembro e outubro, para 111,4 pontos. A parcela de empresas que trabalha com aumento no período diminuiu de 29,2% para 25,5%, enquanto a daquelas que preveem diminuir sua atividade passou de 15,7% para 13,7%.

A variável referente ao emprego, por sua vez, subiu 5,3% em outubro, para 94,8 pontos, mas mostrou o sexto mês consecutivo com um número maior de industriais mais propensos a demitir do que a contratar. A fatia de empresários que pretende elevar o quadro de funcionários em três meses avançou de 10,6% para 14,5%, ainda abaixo dos 19,7% que apontam maior probabilidade de dispensar mão de obra. "Na margem, há algum alento, mas a tendência de diminuição do pessoal ocupado na indústria não está deixando de ocorrer", afirmou o superintendente.

Nos quesitos que avaliam o momento atual, a indicação é de fraqueza. O Índice de Situação Atual (ISA) continuou em queda, ao recuar 1,2% em outubro, para 79,3 pontos, menor patamar desde março de 2009. Dentro do ISA, o índice que mede a avaliação dos empresários sobre a demanda doméstica caiu 3%, atingindo 71,9 pontos.

Já o índice de demanda externa aumentou 0,9% na mesma comparação, para 74,7 pontos. Na visão de Campelo, o setor externo pode ser um fator de ajuda à indústria mais à frente, mas isso depende da estabilização da taxa de câmbio em um patamar mais depreciado, sem muita volatilidade em sua trajetória.

Além da demanda, a percepção das empresas sobre o nível de estoques é outro fator que limita o potencial de expansão da produção nos próximos meses, disse o economista. Na passagem mensal, a diferença entre a proporção de empresas com estoques excessivos e insuficientes subiu de 12,7 para 14,5 pontos.

No conceito da FGV, que considera a média histórica do indicador de estoques em cada segmento, três das cinco categorias de uso estão superestocadas: bens de capital (25 pontos), bens intermediários (9,9 pontos) e bens de consumo duráveis (41,8 pontos). Na análise por gêneros industriais, 8 dos 14 pesquisados estão com estoques acima do nível normal.

Por último, o Nível de Uso da Capacidade Instalada (Nuci) é outro indício de que a produção não teve bom comportamento em outubro. De acordo com a medição da FGV, o Nuci caiu um ponto percentual entre setembro e o mês atual, para 83,3%, recuo generalizado em quatro das cinco categorias de uso. "Pela queda do Nuci, há a possibilidade que a indústria tenha desempenho negativo em outubro", disse Campelo.

Fonte: Valor Econômico

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